Lugar de mulher negra, vegana e ecossocialista pode ser na Câmara Municipal de São Paulo
11 de novembro de 2020
Já imaginou conectar o veganismo com o feminismo e a luta antirracista levando mais representatividade para a política? Pensando na proximidade das Eleições Municipais, convidei a Natália Chaves, cocandidata da Bancada Feminista do PSOL para falar sobre o projeto coletivo que quer transformar a cidade de São Paulo, chamado Bancada Feminista do PSOL.
“Olá! Sou dessa geração que conseguiu entrar na universidade graças a programas do governo federal (no meu caso, o ProUni), abrindo uma nova fase na história de nossas famílias, a quem sempre foi mais negado o direito do estudo continuado, ou apenas do ensino básico mesmo.
Sempre estudei em escola pública, então desde cedo vi muitos colegas meus começarem a trabalhar e, mesmo depois de vários cursos, sejam eles livres ou superiores, se verem sem perspectiva de carreira ou mesmo um emprego que ajude a pagar as contas.
Pra quem consegue emprego, como eu, temos que enfrentar horas e horas no transporte público já que a lógica de São Paulo é priorizar a estrutura no centro: tanto o Centro como espaço geográfico quanto os centros financeiros (Faria Lima, por exemplo).
Tempo pra estudar mais, praticar atividades físicas, se divertir, estar no ócio… não temos. E a sociedade nos diz que devemos dar-nos por satisfeitas porque temos um emprego. Será que só isso compõe a dignidade do ser humano?
Acredito que não, principalmente quando pensamos na desigualdade existente em São Paulo. Ela desmascarou a ideia de que a pandemia do coronavírus poderia ser democrática: negros se infectam e morrem mais, negros ficam mais desempregados, negros morrem mais pela violência policial, mulheres negras sofrem mais violência doméstica e morrem mais de feminicídio…
Recentemente fiz um vídeo contando sobre o processo de me descobrir negra.
Acredito que, para combater essa desigualdade, também é preciso que digamos em alto e bom som que não somos moreninhas ou pardas. Somos NEGRAS e carregamos dentro de nós a força de Zumbi e Dandara, a força de Marielle Franco, a força de Lélia Gonzalez. É a partir do resgate dessa força, do reconhecimento da força que nós mesmas construímos em nossas múltiplas vivências, que seguimos rompendo barreiras, derrubando os muros que colocam como empecilhos pra que a gente construa a sociedade do BEM VIVER.
E o que eu faço para contribuir com esse projeto de transformação?
Em 2018, depois de ir às ruas lutar pelo #EleNão e virar voto, me aproximei de um coletivo ecossocialista e libertário chamado Subverta, que constrói o PSOL. Nossa estratégia é o ecossocialismo porque não há futuro em uma sociedade que destrói ares, terra, água, que queima nossos biomas, que explora animais humanos e não humanos; se continuarmos assim, nosso futuro será a extinção. Precisamos que todes tenham as mesmas oportunidades, que nossa existência seja em função da vida e não do lucro, que recuperemos nossa harmonia com a natureza a nossa volta, que tenhamos e produzamos apenas o necessário para uma vida digna e feliz.
Algumas coisas que ajudei a construir nesse meio tempo foram: ajudar a organizar e mediar um grupo de estudos sobre a Lélia Gonzalez, contribuir na coordenação da Setorial Ecossocialista do PSOL, traduzir artigos para a revista Jacobin Brasil, construir movimentos de trabalhadores e coletivos veganos, ajudar a organizar banquinhas para conversar sobre política com as pessoas na rua, dar formações sobre antirracismo, dentre as várias tarefas invisíveis que levam à concretização desses projetos. Minhas vivências, minha dedicação e meu esforço me dão a força e a vontade de dar tudo de mim para aprender e ensinar cada dia mais, estar ao serviço de um projeto maior que eu, ocupar o lugar que vai abrir espaço para mais e mais pessoas.
Minha mais recente tarefa é mais um processo coletivo de dar orgulho: a Bancada Feminista do PSOL! As eleições e mandatos não bastam, e sabemos disso. Mas eles são um instrumento importante para que sejamos representadas, cobremos das autoridades e nos façamos ouvir. Por isso que aceitei essa tarefa de estar ao lado de Carolina Iara, Dafne Sena, Paula Nunes e Silvia Ferraro, construindo uma candidatura coletiva para trazer novos ares à cidade de São Paulo.
Política se faz ouvindo quem está embaixo, com representantes que também sejam de baixo. Somos cinco mulheres de realidades diferentes, mas nossos corpos precisam enfrentar o machismo, a misoginia, o racismo, a transfobia, as dores e amores de ser mãe, a desvalorização de professores, o neoliberalismo que retira nossos direitos e destrói a passos largos a natureza, a criminalização de nossa cultura… Essas são as nossas lutas e é isso que nos move para enfrentar nossos inimigos e abrir espaço para construirmos uma São Paulo melhor.
E aí, quer vir com a gente? Nossa coletividade só se potencializa e multiplica quando vocês se juntam a nós. Assim como eu me aproximei da política nas eleições de 2018, espero que estas eleições de 2020 sejam o ponto de partida ou fortalecimento de uma linda e coletiva jornada para todes nós!
P.S.: não poderia deixar de falar sobre minha relação com meu cabelo nesse blog, né? Não precisei passar por transição capilar, mas antes eu não sabia cuidar do meu cabelo e ele vivia sempre preso, e não refletia quem eu realmente era, o que me abalava minha autoestima. Esse movimento do qual o Blog das Cabeludas foi um dos pioneiros, de mostrar que não precisamos fazer uma escova para ir a uma festa, que há tantas possibilidades para quem tem cabelo cacheado e crespo, foi revolucionário. Com o tempo, eu fui soltando ele em alguns momentos, mas no começo eu tinha muita vergonha. Aos poucos fui me tornando amiga dele e agora isso não é mais tabu na minha vida. Que a gente sempre se lembre que não devemos ter vergonha de nada na nossa aparência, muito menos de algo tão potente como o nosso cabelo ♥
Se quiser saber mais sobre minha transição ao veganismo, veja esse outro vídeo:
e leia meu relato no Medium.
Se quiser me acompanhar nas redes sociais, sou @eunatchaves no Instagram, Facebook e Twitter 😊
Acompanhem a @bancadafeministapsol no Instagram e Facebook, acesse nosso site e nos ajude na campanha financeira!”
Gostaram da proposta da Nat e de saber sobre a candidatura da Bancada Feminista para a vereança da cidade de São Paulo? Eu amei e convido vocês a conhecerem o trabalho incrível da Bancada e das demais co-candidatas que compõe essa candidatura coletiva. Confiram nos destaques do meu Instagram algumas razões pelas quais recomendo a Bancada Feminista!
Por fim, acredito que para transformar radicalmente a política, precisamos de candidatas comprometidas com a luta antirracista.
Se você se identificou com o relato da Nat e com as propostas da Bancada Feminista, converse com os seus amigos, familiares e vizinhos e nos ajude a eleger essas cinco mulheres que querem construir uma São Paulo melhor!