Crespo é versátil
28 de março de 2016
Quando resolvi assumir a textura natural do meu cabelo percebi que muito do que diziam sobre o crespo era mito. Falarei mais sobre o meu processo de transição em outro post e esse aqui vai ser para mostrar algumas das mudanças que fiz no cabelo, desde cortes diferentes até mudança de cor.
A foto a seguir foi a primeira que fiz para o Blog das Cabeludas, em 2009. Naquela época eu não usava produtos específicos para cabelo crespo, simplesmente porque não me identificava com o as fotos das embalagens, que estampavam modelos com cabelos irreais, cacheados com baby liss.
Aqui o cabelo estava na cor original e eu já tinha começado a testar alguns produtos para finalizar. Sempre ouvi que não era recomendável pintar cabelo crespo e cacheado, por isso demorei para me aventurar nesse universo da coloração.
As fotos a seguir mostram as mudanças que experimentei nesses anos todos de parceria e amizade com o Charles Motta, meu cabeleireiro. Tenho total confiança no trabalho dele e nas sugestões de corte e coloração que ele propõe.
A foto abaixo foi da nossa primeira experiência juntos. No dia seguinte, quando fui trabalhar, todo mundo comentou que tinha adorado a mudança de cor e o corte.
Encontrar um bom cabeleireiro, desses para a vida, não é tarefa fácil. Encontrar um profissional que conheça e saiba lidar com o cabelo crespo foi um grande desafio na minha vida. Sempre fui fiel aos poucos cabeleireiros que tive, mas com o Charles rolou muita afinidade, logo de cara. Não só porque ele entende de cabelo crespo, mas porque ele pesquisa tendências e assim como eu, também tem cabelo crespo! 🙂 Na minha opinião, ele é um grande artista que usa o cabelo como matéria prima para arrancar sorrisos das pessoas quando elas acordam e se olham no espelho.
Com o passar do tempo, meu cabelo mudou e eu também. Sete anos após ter iniciado todo o meu trabalho com o blog e de empoderamento pessoal, usar ativador de cachos ou qualquer outro produto é uma opção que ultrapassa a estética e engloba questões como consumo ético e beleza consciente.
Continuo firme no propósito de trabalhar pela valorização dos cabelos com textura mais crespa, que ainda precisam de mais representatividade e visibilidade na mídia e nas embalagens de cosméticos, ultimamente focadas no cabelo cacheado perfeito. Também considero fundamental comprar de empresas atentas não só a diversidade, mas ao bem estar das pessoas e do meio ambiente .
Quando opto por usar o cabelo com bastante frizz e volume, não é só uma possibilidade de variar o estilo, mas uma oportunidade de dizer ao mundo que não precisamos de cremes e truques para tornar nosso cabelo mais aceitável aos olhos da sociedade. Assumir o crespo também é uma forma de resistir ao padrão de “cabelo perfeito, domado e sem frizz”.
Ao invés de adotar um novo padrão de beleza, único para todas as pessoas, podemos exercitar o reconhecimento de que a beleza está na diversidade.
Para mim, tem sido um impacto profundo de aprendizado e resgate pessoal. Iniciei uma jornada solitária, me dediquei a pesquisar, ouvir outras vivências, resgatar as minhas origens e ao mesmo tempo construir a minha identidade.
Hoje, não estou mais sozinha e agradeço imensamente a colaboração de todas pessoas que acreditaram no meu potencial e na capacidade que temos de transformar o mundo juntas!

Idealizadoras da Primeira Marcha do Orgulho Crespo do Brasil com a cantora Carol Conka. À esquerda: Nanda Cury (Blog das Cabeludas) Neomisia Silvestre (jornalista, organizadora da festa Hot Pente) e Thaiane Almeida (produtora de moda e da festa de hip hop Hot Pente)
Há muitos caminhos para o empoderamento pessoal. Você pode fazer revolução na rua ou amar-se diante do espelho. Quando a publicidade reconhece que cabelo perfeito é o que te faz feliz, a gente percebe que há uma mudança importante acontecendo.